No último ano, muitos brasileiros resolveram trocar as quatro rodas por duas e, assim, diminuir despesas no orçamento, mantendo um veículo próprio. A alta nos preços dos automóveis e o custo elevado nas bombas de combustíveis têm feito o interesse pelas motos crescer. De acordo com um levantamento exclusivo feito pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) a pedido do EXTRA, o número de renovações de carteiras “A” (para conduzir motocicletas) cresceu 36% na comparação entre 2021 e 2019. No mesmo período, o número de novos condutores aumentou 2,25%.
Quando a comparação é feita com 2020, o primeiro ano da pandemia, os dados são ainda mais expressivos: a quantidade de primeiras habilitações para motocicletas cresceu 77%.
Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, no Estado do Rio, há postos em que o preço da gasolina já chega a R$ 8,029. Só em 2021, o valor desse combustível subiu cerca de 46%. Em paralelo, a falta de peças no mercado primário tem alavancado a busca por carros usados e de leilão, que já apresentam valorização de cerca de 30%.
O coordenador do MBA de Finanças do Ibmec/RJ, Gustavo Moreira, diz que a moto tornou-se uma opção mais viável já que, para donos de carros, há despesas expressivas com combustível, estacionamento, IPVA, manutenção e pedágio. Além disso, sugere que alguns trabalhadores começaram a trabalhar com logística na pandemia, com entrega de correspondências ou refeições, o que teria alavancado a procura por motos.
— Quem teve compressão de renda recorreu à moto como opção de renda extra. Mas é válido lembrar que o risco de acidentes é alto. Portanto, é necessário ter um bom plano de saúde e um seguro de vida que cubra despesas no tempo que precisar ficar afastado, caso isso ocorra — analisa.
A advogada Thayli Takioche, de 26 anos, que já dirige carro, resolveu tirar habilitação para moto no ano passado e foi aprovada em dezembro. Morando na Tijuca, na Zona Norte do Rio, ela costuma visitar os pais todos os fins de semana em Bangu, na Zona Oeste, para ajudá-los no restaurante da família. Pelos seus cálculos, com a ida e a volta, percorre mais de 70 quilômetros.
— Meus pais têm um carro, mas vi que eles gastavam muito dinheiro com combustível e para arcar com qualquer conserto. Como todo mundo falava que a moto era econômica, resolvi migrar para esse veículo — conta Thayli: — Comprei uma moto usada na última sexta-feira por R$ 8.750 e gastei R$ 85 para encher o tanque. Esse valor seria insignificante, se eu fosse adquirir um carro.
O irmão Johans Takioche, de 22 anos, que é educador físico e trabalha na Barra da Tijuca, tirou carteira de moto neste mês.
— De transporte público, ele gastaria muito tempo para ir de Bangu à Barra. Viu que a moto era uma opção mais rápida e econômica. Então, também tirou a habilitação — explica a advogada.
Consórcio de moto cresce
De acordo com dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), a modalidade no ano passado cresceu além das expectativas. De janeiro a dezembro, o acumulado de vendas bateu recorde histórico e atingiu 3,46 milhões de novas cotas, com crescimento de 14,6% sobre as 3,02 milhões de adesões de 2020. Além disso, foram contemplados, em 2021, 1,40 milhão de consorciados — o segundo melhor patamar verificado desde 2012, ficando praticamente empatado com o de 2015.
Entre os destaques está o consórcio de motocicletas, que apresentou crescimento em todos os indicadores. As vendas de novas cotas, na somatória anual, atingiram 6,7% acima de 2020. E a média mensal das vendas chegou a 93,3 mil novas cotas, 6,6% acima das 87,5 mil atingidas em 2020.
Segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), as quase 600 mil contemplações de motos no ano passado corresponderam a 52,8% do potencial compra no mercado interno, ou seja, a pouco mais de 930 mil unidades vendidas.
Para Rodrigo Salim, diretor comercial da Wiz Parceiros, rede de distribuição de produtos financeiros, o crescimento do interesse por consórcio de motos é explicado pela ausência de cobrança de juros, diferente do que ocorre em um financiamento comum.
— É cobrada apenas uma taxa de administração, diluída entre todos os meses do plano adquirido. Além, é claro, da possibilidade de escolher entre diferentes opções de valores e prazos. Aliado a isso, há o poder de negociação, pois o consumidor recebe a sua carta de crédito e pode ir até a loja negociar o pagamento do bem à vista — avalia.
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