Os leilões de veículos vêm ganhando força no Brasil e atraem cada vez mais consumidores em busca de preços muito abaixo da tabela de mercado. Em um cenário em que a compra de usados já representa grande parte das transações, os eventos de leilão oferecem desde modelos populares até carros de luxo, despertando também a atenção das seguradoras para a necessidade de criar produtos específicos para esse público.
Carros mais baratos que um celular: os preços que chamam atenção
Um dos principais atrativos é a diferença de valores. Há casos em que veículos foram arrematados por valores menores que os de um smartphone topo de linha. Exemplo disso é um Honda Civic adquirido por R$ 12,4 mil, enquanto uma Range Rover Evoque blindada saiu por pouco mais de R$ 40 mil. Em leilões recentes, os lances variaram de R$ 7,6 mil para um Fiat Palio 2015 até R$ 365 mil por uma Porsche 911 Turbo S.
Essa diversidade amplia o público interessado: desde consumidores em busca do primeiro carro até investidores que enxergam na revenda uma oportunidade de negócio.
Crescimento do mercado e impacto nos usados
O movimento acompanha o aquecimento do setor de usados no país. Só em julho de 2025, foram 1,7 milhão de carros comercializados, segundo dados da Fenauto, o que representa alta de 19,1% em relação a junho. No acumulado do ano, já são mais de 10 milhões de unidades negociadas, consolidando o mercado como o maior já registrado.
Dentro desse contexto, os leilões se destacam como alternativa competitiva frente às revendas tradicionais, principalmente pelo potencial de economia, que pode chegar a até 60% do valor de mercado.
Riscos e cuidados ao comprar veículos em leilão
Apesar dos preços atrativos, a compra em leilões exige cautela. Os carros são vendidos no estado em que se encontram, sem possibilidade de teste, o que pode gerar gastos adicionais com reparos. Além disso, há diferentes categorias:
- Aptos à circulação: podem ser regularizados e voltar a rodar.
- Irrecuperáveis ou sucatas: destinados ao desmonte e reaproveitamento de peças.
Por isso, especialistas recomendam reservar uma margem financeira para manutenção e checar o histórico do veículo antes de arrematar.
O papel das seguradoras diante da nova demanda
O crescimento dos leilões também movimenta o setor de seguros. Embora exista a percepção de que seguradoras recusam automaticamente veículos de leilão, a realidade é diferente: a recusa só pode ocorrer após vistoria técnica. Caso aprovado, o carro recebe uma apólice proporcional ao seu perfil de risco.
As seguradoras podem aproveitar essa tendência para desenvolver modelos de avaliação específicos, levando em conta:
- histórico de sinistros;
- pendências burocráticas;
- estado de conservação e reparos;
- procedência do leilão (financeiras, seguradoras, judiciais).
Seguros personalizados para compradores de leilão
Produtos ajustados à realidade desses veículos já começam a ganhar espaço. Em casos de carros retomados por inadimplência, por exemplo, a aprovação tende a ser mais simples, desde que a documentação esteja em dia. Já veículos com histórico de perda total, acidentes graves ou origem duvidosa podem ter cobertura restrita, limitada a proteção contra roubo ou responsabilidade civil.
Corretores bem preparados também assumem papel fundamental ao orientar os clientes, esclarecendo sobre:
- condições de regularização;
- tipos de cobertura disponíveis;
- limitações do seguro para veículos de leilão.
Mercado em expansão e oportunidades para o setor
A popularização dos leilões reforça a necessidade de inovação no mercado de seguros, que passa a lidar com um público em crescimento e cada vez mais exigente. Ao investir em avaliações técnicas criteriosas, produtos especializados e comunicação clara, as seguradoras podem não apenas mitigar riscos, mas também conquistar um novo nicho de consumidores.
O resultado é um cenário em que compradores economizam na aquisição de veículos e as seguradoras expandem sua atuação, criando soluções adequadas a um mercado que não para de crescer.